O Brasil é o terceiro maior produtor e exportador agrícola do mundo, atrás somente de duas grandes potências: os Estados Unidos e a União Europeia. Nosso país tem o privilégio de produzir uma quantidade elevada de alimentos, devido às dimensões continentais e clima favoráveis à produção.

Na cultura de citrus não é diferente. A citricultura brasileira se mantém na liderança mundial, como parte importante do crescimento socioeconômico. O PIB (Produto Interno Bruto) do setor gira em torno de 6,5 bilhões de dólares, sendo 2 bilhões somente em exportações.

Além disso, o setor gera, direta e indiretamente, um grande número de vagas de emprego na área rural. Os municípios que produzem citrus (entre eles laranjas, tangerinas e limão) têm IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) maior devido aos benefícios econômicos que a cultura proporciona à população.

Uma das frutas cítricas que é protagonista dessa cultura é a laranja, tendo como Estados produtores São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Bahia. Quase 100% do suco de laranja produzido no país é exportado. Já a importação mundial é absorvida por três grandes mercados: o americano, o europeu e o canadense, o que faz com que as frutas cítricas brasileiras sejam conhecidas em boa parte do mundo.

Cenário safra 2021/22 de laranja

De acordo com a Fundecitrus, a safra de laranja 2021/22 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, principal região produtora de laranja do mundo, fechou em 262,97 milhões de caixas de 40,8 kg. O resultado final foi um decréscimo de 10,61% no volume inicialmente esperado, indicando uma quebra expressiva de 31,20 milhões de caixas, na estimativa.

Esse cenário foi influenciado pela extrema redução das chuvas, que ficaram 27% abaixo da média histórica, além do fato de que as geadas incomuns, de alta intensidade, impossibilitaram o crescimento das laranjas e contribuíram para o aumento da taxa de queda prematura de frutos, reduzindo a colheita.

O clima tem forte influência em todo o ciclo da cultura de citrus, como a adaptação das variedades, a abertura floral, a curva de maturação, a taxa de crescimento, as características físicas e químicas do fruto e o potencial de produção.

Pensando em temperatura ideal para o completo desenvolvimento da cultura, é necessário considerar uma oscilação que vai de 23° a 32°C. Abaixo disso  (entre 12 e 13°C), percebe-se redução do metabolismo da planta. Já acima de 13°C, a taxa de crescimento aumenta progressivamente, e, a partir de 32°C, observa-se um decréscimo na taxa de crescimento, até acabar acima de 39 graus.

Como as temperaturas elevadas atuam no metabolismo da planta? Em temperaturas iguais ou superiores a 36º, observa-se que a taxa de respiração é maior que a de fotossíntese. Com o aquecimento excessivo das folhas, há destruição da clorofila e bloqueio da translocação da água, resultando na desorganização do balanço nutricional da planta.

Juntamente com as altas temperaturas, a umidade relativa alta favorece a infestação de pragas e doenças nos pomares, afetando ainda mais a produtividade daquela safra.

Fique atento às informações a seguir:

Pinta preta (Phyllosticta citricarpa)

A pinta preta ou mancha preta dos citrus é considerada uma das doenças mais importantes da citricultura a nível mundial. Causada pelo fungo Phyllosticta citricarpa, seu controle é fundamental para que o produtor não sofra com queda na rentabilidade. Por exemplo, para cada R$1,00 gasto com pulverizações, o citricultor deixa de perder de R$5,00 a R$25,00 com a redu­ção de frutos causada pela pinta preta.

Sintomas

O surgimento dos sintomas depende da variedade acometida e das condições ambientais, pois a manifestação é favorecida por radiação solar combinada com altas temperaturas.

Quando os frutos são infectados na fase jovem, os sintomas podem demorar até sete meses para serem notados pelo produtor. Quando a infecção ocorre em frutos maiores e maduros, os sintomas podem ser vistos no primeiro mês após a contaminação.

Doença de citrus

Fonte: Portal Embrapa

Danos e perdas

O principal prejuízo da pinta preta é a queda prematura de frutos, que pode reduzir em até 85% a produção das plantas de laranja doce.

Além disso, a fruta fica com aparência manchada, o que prejudica a sua comercialização no mercado in natura. Outra informação importante é que os poma­res mais velhos, de variedades de maturação tardia, são os mais afetados.

O histórico da doença no pomar é impor­tante para definir as estratégias de controle. Depois de instalada em um pomar, não há possibilida­de de eliminação, por isso a ado­ção de estratégias que previnam a entrada do fungo é essencial.

Manejo e controle

Nos pomares com pinta preta, o manejo pode ser complementado por um conjunto de medidas que ajuda a proteger os frutos e a impedir a disseminação da doença no pomar.

A seguir, confira algumas práticas para ajudar no controle da doença:

  • Cobertura de folhas caídas: o plantio de adubo verde nas entrelinhas do talhão e posterior corte com roçadeira ecológica permite direcionar a vegetação para debaixo da copa das plan­tas, cobrindo as folhas de citrus caídas e servindo como barreira física que dificulta a liberação dos ascósporos.
  • Remoção ou decomposição de folhas caídas: as folhas de citrus caídas podem ser removidas com sugado­res de folhas ou rastelo e trituradas com trin­chas.
  • Poda de limpeza de ramos secos: me­dida importante para reduzir as fontes de contaminação na planta, além de facilitar a aeração e melhorar a penetração dos defen­sivos no interior da copa das árvores.
  • Irrigação: principalmente no inver­no, esta medida reduz a queda excessi­va de folhas e frutos. Também propicia floradas mais uniformes, o que melhora e facilita o controle químico.
  • Antecipação da colheita: a medida é indicada nos talhões em que a doença está presente em níveis altos, prin­cipalmente nos pomares mais velhos, evitando a queda dos frutos com sin­tomas.
  • Controle químico: deve ser feito com critério e planejamento, para que seja eficiente e não permita a seleção de fungos resistentes aos fungicidas utilizados.

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Psilídeo Diaphorina citri – Transmissor de bactérias

É o inseto transmissor da bactéria Candidatus liberibacter spp., que causa o greening (huanglongbing/HLB), a pior doença da citricultura na atualidade.

O psilídeo está presente no pomar durante todo o ano, porém, em estações chuvosas e altas temperaturas, há picos expressivos de desenvolvimento das populações do inseto.

Psilídeo

 

Ciclo: As fêmeas colocam até 800 ovos, que são amarelos e ficam aderidos às folhas das brotações. Seu ciclo (ovo-adulto) dura em torno de 15 dias no verão, ou até 40 dias no inverno. As ninfas são achatadas, de coloração amarela-alaranjada e pernas curtas.

Alimentam-se exclusivamente dos brotos novos e caminham lentamente. Durante esse momento, eliminam substâncias brancas em grande quantidade. Quando adulto, o inseto mede de 2 a 3 mm de comprimento, possui asas transparentes com bordas escuras e permanece inclinado na folha.

Transmissão: Quando o psilídeo Diaphorina citri se alimenta de plantas doentes, ele adquire as bactérias associadas ao greening e, posteriormente, as transmite para as árvores sadias. Esses indivíduos que se desenvolvem em plantas doentes apresentam maior eficiência de transmissão em relação aos que adquirem a bactéria na fase adulta.

Assim, a eliminação de plantas doentes é de grande importância no manejo do greening, tanto dentro da propriedade quanto em pomares abandonados.

Danos: Atenção! O psilídeo e sua sucção contínua de seiva não representam prejuízos ao pomar, porém o risco de transmissão de greening que ele gera aumenta a necessidade de um manejo adequado.

Manejo indicado

Para que o controle seja efetivo, o monitoramento realizado por meio de armadilhas adesivas amarelas e pela inspeção visual de brotos novos e folhas maduras é de extrema importância. As armadilhas devem ser colocadas em pontos estratégicos, como na parte alta das plantas, no terço superior e nas bordas dos talhões. A avaliação dos adesivos, para contagem do número de psilídeos capturados, deve ocorrer semanalmente e a troca deve ser realizada a cada duas semanas.

Dessa forma, é possível saber quando iniciar o controle químico, onde as aplicações de defensivos devem ser feitas a partir do monitoramento, sobretudo entre o final do inverno e o início da primavera, que caracterizam as épocas de surtos vegetativos. 

Podridão floral – a “estrelinha”

A podridão floral, causada pelos fungos do gênero Colletotrichum, é uma das mais graves doenças fúngicas da cultura do citrus, devido aos enormes prejuízos causados aos pomares de diferentes espécies e variedades.

Os primeiros sinais da doença surgem entre dois e sete dias após a infecção. No início formam-se lesões alaranjadas nas pétalas e negras no estigma e no estilete.

Os frutinhos ainda recém-formados ficam amarelados e caem prematuramente. Após a queda dos frutos, os cálices ficam retidos nos ramos sendo popularmente conhecidos como estrelinhas.

O período mais crítico para a ocorrência desse patógeno é o florescimento, principalmente quando coincide com o período chuvoso, que pode levar a surtos de infecção.

Podridão floral

A prevenção vai além de monitorar a florada e o clima. O citricultor deve adotar outras práticas de manejo durante esse período, como:

  • Irrigação: antecipa a “quebra” do estresse hídrico e pode fazer com que o florescimento ocorra antes da época de chuvas. Além disso, a florada é mais uniforme, evitando a ocorrência de novas infecções.
  • Adubação: contribui para evitar florescimentos desuniformes ou surtos de florescimentos. Uma planta bem nutrida pode sofrer menos danos causados pela doença.
  • Pomar sadio: a eliminação de plantas debilitadas e a manutenção da sanidade do pomar são práticas que evitam a ocorrência de surtos de florescimento antes da florada principal.
  • Controle químico: feito de maneira criteriosa e, após o planejamento, é recomendado rotacionar os fungicidas indicados para o controle dessa doença, a fim de evitar cenários de fungos com resistência.

Essas doenças são de importante controle nos pomares assim como as plantas daninhas, que também preocupam o citricultor.

Além dos ataques de pragas e doenças, ocorre a infestação de plantas daninhas de diversas espécies, emergindo em épocas diferentes, o que dificulta o manejo. Elas prejudicam o citrus por competirem por água, luz e nutrientes.  Quando um desses fatores é reduzido, ocorre um menor desenvolvimento vegetativo, menor produtividade e produção de frutos de baixa qualidade.

Também podem introduzir no ambiente numerosos compostos químicos por exsudação radicular, lixiviação, volatilização ou decomposição de resíduos no solo. Essa interação com outras plantas é denominada alelopatia, e, em conjunto, são denominadas como interferência.

As plantas daninhas, além de causar essa interferência, ainda podem hospedar pragas, doenças e roedores, dificultar os tratos culturais e de colheita e depreciar o valor da terra, quando ocorrem plantas daninhas perenes, como a grama-seda.

As principais daninhas nas áreas citrícolas são:

  • capim-marmelada (Brachiaria plantaginea);
  • capim-colonião (Panicum maximum J);
  • capim-colchão (Digitaria horizontalis);
  • capim-carrapicho (Cenchrus echinatus);
  • capim-pé-de-galinha (Eleusine indica);
  • grama-seda (Cynodon dactylon), entre outras.

Para prevenir sua entrada e disseminação, é fundamental colocar em prática:

  • o uso de sementes e mudas isentas de propágulos de plantas daninhas;
  • um limpeza rigorosa de máquinas e implementos após a utilização em áreas infestadas;
  • limpeza de margens de estradas, de cercas e de canais de irrigação.

É importante que o manejo integrado de plantas daninhas seja realizado de forma que envolva vários métodos de controle, como culturais, mecânicos, químicos, entre outros, agindo de maneira integrada para maior assertividade no controle.

Para um desenvolvimento saudável e de qualidade, é necessário mais conhecimento sobre a citricultura.

Mas, agora que você está por dentro das principais ameaças que prejudicam a cultura,  é de extrema importância que se coloque à frente para proteger sua produtividade.

A importância da rotação de grupos químicos

A classificação química de produtos fitossanitários tem um papel fundamental no planejamento de medidas para o manejo de resistência aos defensivos agrícolas, visto que, com o aumento do número de aplicações, a eficiência dos produtos químicos diminui.

Esse uso intenso favorece ainda mais a evolução da resistência. Além disso, causa outros problemas como o desequilíbrio biológico, a contaminação ambiental e o aumento do custo de produção.

Uma forma de preservar as tecnologias existentes nos produtos e evitar a resistência é a realização da rotação de grupos químicos com diferentes mecanismos de ação.

Assim, as estratégias de manejo visam retardar o processo de seleção de organismos resistentes e o controle eficiente e abaixo do nível de dano econômico.

Diante desse cenário de resistência, é fundamental que os produtores tenham em mãos as melhores soluções com diferentes mecanismos de ação para manter a sanidade da lavoura. 

Conheça algumas das soluções do portfólio da Syngenta indicadas à cultura de citrus

Miravis® :  fungicida com formulação à base de Adepidyn®, molécula inédita no mercado, que inaugura um novo grupo químico (n-metoxy-pirazol-carboxamidas), capaz de manejar as doenças mais difíceis na citricultura.

Além disso, oferece um amplo espectro de ação no controle de mais de 40 patógenos em mais de 30 cultivos no Brasil, simplificando o manejo de doenças para o agricultor.

Minecto® Pro: inseticida foliar com formulação inovadora e amplo espectro. A sinergia entre os dois modos de ação favorece o manejo antirresistência, característica essencial de produtos que visam controlar as pragas de forma eficaz.

A solução é multicultura, o que significa que o produto pode ser utilizado no controle das principais pragas que comprometem a produtividade, como o psilídeo e a ácaro-da-falsa-ferrugem.

Priori® Top: fungicida superior nos resultados, pois proporciona um amplo espectro de controle, com destaque para sua eficiência superior contra manchas foliares, além de apresentar performance superior no controle de doenças como a podridão floral na cultura de citrus.

Composto por dois ingredientes ativos eficientes e complementares: azoxistrobina, a estrobilurina mais sistêmica do mercado, e difenoconazole, um triazol especialista em manchas em uma formulação de alta tecnologia que proporciona rápida absorção de seus dois ingredientes ativos, protegendo as folhas por inteiro e com efeito prolongado de controle.

Durivo®: inseticida de aplicação via drench, que tem como objetivo auxiliar o produtor a obter maior rentabilidade. Conta com dois princípios ativos que causam efeitos fisiológicos benéficos às plantas, favorecendo o seu máximo potencial produtivo, melhor controle e manejo de resistência, controlando diversas pragas da cultura.

Além dessas soluções a Syngenta apresenta um portfólio completo para a cultura e está ao lado do produtor rural em todos os momentos, com o objetivo de impulsionar o agronegócio brasileiro com qualidade e inovações tecnológicas.

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