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No início da semeadura, as previsões para a soja em 2023 eram muito otimistas, com a expectativa de um recorde de produção, superando o resultado de 2020/21, quando o Brasil atingiu sua produção máxima (mais de 139 milhões de toneladas). Com a colheita da safra 2022/23 atingindo 69,1% em 25 de março, há a necessidade de rever esses números e entender os fatores que interferiram nos resultados, considerando o contexto de cada região produtora.

De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção de soja deve totalizar 151.419,4 mil toneladas, um volume 20,6% superior à safra anterior, que sofreu perdas por conta das condições climáticas, visto que os efeitos do fenômeno La Niña influenciaram fortemente o desempenho das lavouras e os resultados.

A produtividade média nacional está em 3.479 kg/ha (+15%), o que pode ser considerado bom, visto que a expansão da área de cultivo foi de somente 4,9%. Assim, a safra de soja 2022/23 se mantém na liderança da série histórica, com capacidade para atender as altas demandas – interna e externa – e ainda estocar mais de 3 milhões de toneladas.

Apesar dessa estimativa nacional positiva, com leves diferenças percentuais em comparação com as previsões feitas no início da safra, uma análise regional aponta quebra de safra no Sul, tal como no ciclo anterior, o que pode ser justificado pelas condições do clima, que foram pouco favoráveis para a soja ao longo do desenvolvimento das lavouras gaúchas.

De maneira geral, os números foram sustentados pelo aumento de produção em alguns Estados, como pode ser observado nos gráficos a seguir:

gráfico

Comparativo dos dados de março com as estimativas de outubro de 2022, quanto a área, produtividade e produção de soja no Brasil. Fonte: Conab, 2023. 

Resultados preliminares da safra de soja 2022/23 por região

O Mato Grosso, maior Estado produtor de soja do Brasil, apresentou boas condições climáticas durante todo o desenvolvimento da cultura, com chuvas regulares, que jogaram o volume de produção para cima. Por outro lado, entrando em período de colheita, o ambiente frequentemente úmido atrasou as operações, o que justifica a diferença de área total colhida em relação ao mesmo período do ano passado. 

O Rio Grande do Sul teve a produção fortemente afetada pela falta de chuvas no início da safra, que retornaram em meados de fevereiro, embora não em tempo nem em quantidade suficiente para reverter as perdas de produção. Em algumas áreas, as perdas ultrapassam 60% da produção, com destaque para aquelas em que a semeadura ocorreu no início da janela de plantio a partir de cultivares de ciclo precoce.

A colheita da soja no Paraná foi beneficiada pela trégua das chuvas no começo de fevereiro, embora muitas lavouras tenham demorado para atingir o ponto de colheita devido ao alongamento do ciclo da cultura, em função da baixa temperatura e da falta de luminosidade. A alta umidade no solo favorece a cultura nas áreas em florescimento e em enchimento de grãos, por outro lado, a regularidade das chuvas vem interrompendo as operações de colheita nas lavouras já maduras, o que coloca a qualidade e a produtividade em risco. 

Goiás consegue avançar nas operações de colheita, conforme o regime de chuvas permite, colhendo grãos de boa qualidade e com teor de umidade adequado. Também se verificou o alongamento do ciclo da cultura em algumas regiões do Estado, devido a condições adversas que acometeram as lavouras no início da fase vegetativa, como estresse hídrico, baixas temperaturas e falta de luz solar. De maneira geral, o cenário é positivo para o Estado, que tende a melhorar sua produtividade conforme forem computadas as colheitas das variedades de ciclo médio. 

O Mato Grosso do Sul teve a safra de soja afetada devido às restrições hídricas que ocorreram em dezembro, um cenário que significou variações de rendimento entre os locais em que a colheita já foi iniciada. Por outro lado, as lavouras mais tardias, ainda em fase de enchimento de grãos, foram beneficiadas com o retorno das chuvas a partir de janeiro, condição que favoreceu também a ocorrência de ferrugem, lagartas e percevejos de maneira generalizada neste final de ciclo. Nas lavouras prontas para a colheita, as operações estão sendo prejudicadas pelo alto volume pluviométrico, o que eleva o risco de perdas de qualidade. De toda forma, as lavouras se desenvolveram bem e entraram na fase reprodutiva em boas condições, com o clima favorecendo a perda de umidade dos grãos. 

Minas Gerais teve um bom regime de chuvas, com volume ideal para o desenvolvimento das plantas de soja e redução na hora certa para iniciar a colheita. A pressão de ferrugem e de mofo-branco foi generalizada no Estado, mas produtores estavam prontos para manejar as doenças corretamente, protegendo o potencial produtivo da cultura. Verificou-se diminuição das chuvas entre fevereiro e março, o que permitiu o avanço da colheita e melhorias na produtividade.

As lavouras de irrigação na Bahia demoraram a entrar em ponto de colheita, por conta da alta umidade dos grãos, além disso, houve dificuldade em operacionalizar as colheitadeiras, devido à frequência das chuvas, o que causa lentidão na colheita. O excesso de chuvas também favoreceu o surgimento de pragas e doenças, que foram controladas logo no início e não representaram grande ameaça, embora se registrem casos de ferrugem-asiática no final do ciclo de determinadas regiões. As lavouras de sequeiro ainda estão em fase de enchimento dos grãos e maturação em alguns locais.

São Paulo avança na colheita da soja conforme as chuvas permitem, com resultados de produtividade acima do esperado em todas as regiões do Estado. Ainda assim, verifica-se grande porcentagem de grãos ardidos, o que pode levar a prejuízos financeiros para os produtores.

As lavouras do Tocantins foram beneficiadas com boas condições de clima, apresentando ótimo desenvolvimento e resultados satisfatórios conforme alcançam o ponto de colheita. O alto volume pluviométrico atrasa a colheita, mas o que já foi colhido proporciona resultados acima das expectativas de produtividade iniciais.

A soja é plantada mais tarde no Maranhão, com três diferentes janelas de plantio, de maneira que as lavouras ainda se encontram em estádio vegetativo ou final do reprodutivo, e a colheita avança somente no sul do Estado. De maneira geral, as plantas apresentam bom desenvolvimento. 

A expectativa para o Piauí é de boa produtividade nas lavouras de soja, por conta do plantio na janela ideal e das boas condições climáticas no Estado. A colheita iniciada em fevereiro avança satisfatoriamente nas poucas lavouras que já atingiram a maturação.

O atraso no plantio em Santa Catarina faz com que as lavouras estejam ainda na fase reprodutiva, em sua maioria, mas o clima favoreceu o desenvolvimento da cultura em janeiro e o bom volume de chuvas em fevereiro consolida o quadro de projeções positivas. Nas lavouras que receberam antecipação da semeadura, a colheita já foi iniciada.

Com cenários tão divergentes entre as principais regiões produtoras de soja do Brasil, a média de produtividade nacional não expressa o panorama da cultura de maneira situada, por isso, o levantamento das condições das lavouras por Estado permite compreender como cada pedaço do país contribui para que a safra de soja 2022/23 alcance o melhor resultado já visto.

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