A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) é uma das principais pragas desta cultura. Anteriormente considerada uma praga secundária, com maior importância na região do cerrado, hoje ocupa lugar de destaque nacional.

Recentemente, com o aumento do cultivo do milho durante o ano todo e em diversas regiões, a cigarrinha-do-milho ganhou atenção redobrada dos produtores pelo alto potencial de dano, além de impactar negativamente na produtividade e, consequentemente, na rentabilidade da lavoura.

Os danos dessa praga – que podem ser diretos e indiretos – são altamente severos para a cultura do milho. Além de sugar a seiva das plantas, o inseto também é vetor de patógenos como os molicutes, que são causadores de doenças como o enfezamento pálido e o enfezamento vermelho, além do vírus causador do raiado fino (Maize rayado fino virus – MRFV).

A D. maidis possui alta capacidade migratória e reprodutiva, com rápida disseminação, afetando também áreas vizinhas e seus ataques podem reduzir a produção da lavoura em mais de 70%.

Mais detalhes sobre a cigarrinha-do-milho

Seu ciclo de vida varia de dois a três meses, sendo que a forma adulta tem longevidade de até 77 dias. A fêmea coloca os ovos na nervura central da folha do milho e é capaz de depositar de 400 a 600 ovos durante toda a vida. A praga pode estar presente em outras culturas, porém somente completa seu ciclo de vida na cultura do milho.

Transmissão de doenças: ao se alimentar da seiva de uma planta doente, a cigarrinha contrai os molicutes, que infectam suas glândulas salivares e multiplicam-se em seus tecidos durante três ou quatro semanas – período que pode ser reduzido, em condições de temperaturas elevadas, por exemplo.

As pragas portadoras de molicutes tornam-se transmissoras e, ao sugarem a seiva das plantas sadias, transmitem esses patógenos.

Cigarrinha-do-milho

Durante cerca de três a quatro semanas, os insetos infectados passam pelo período crítico em que ainda não conseguem transmitir os patógenos. Após esse período, quando o inseto visita outra planta não contaminada para alimentar-se, injeta em seu floema os molicutes concentrados em sua glândula salivar, que então começam a se multiplicar.

Alguns fatores que favorecem a alta incidência dessas doenças são as condições climáticas, como temperaturas elevadas, lavouras de milho em diferentes fases, a presença de plantas de milho tiguera – que servem como hospedeiras tanto para a doença quanto para o vetor – e o nível de vulnerabilidade ou intolerância das cultivares de milho.

Vale lembrar que nem todas as cigarrinhas-do-milho que chegam a uma lavoura de milho jovem, são infectantes com molicutes.

É possível controlar a cigarrinha-do-milho?

De acordo com o entomologista Dr. Maurício Pasini, para o controle da cigarrinha-do-milho não existe uma única forma de ação. Por isso, o produtor deverá adotar várias práticas de manejo que, de forma integrada, podem reduzir gradativamente as populações de cigarrinhas nas lavouras. As ferramentas estão ligadas a:

  • Escolha de híbridos: a cigarrinha-do-milho apresenta preferência alimentar, ou seja, em função da escolha do híbrido, haverá diferentes densidades populacionais e também diferentes respostas quanto à expressão dos enfezamentos e dos vírus.

  • Eliminação de plantas voluntárias de milho (tigueras).

  • Nutrição de plantas: em função dos nutrientes e de híbridos, serão percebidas diferentes respostas quanto à densidade populacional da cigarrinha-do-milho.

  • Época de implantação: regiões com intensa sucessão de cultivos de milho estão mais sujeitas à ocorrência da praga.

  • Manejo regional: uma medida importante para contornar o problema que pode inviabilizar os híbridos e a cultura do milho. Nesse sentido, pode-se restringir a presença da cultura em determinadas janelas de implantação, dificultando o aumento populacional da praga.

  • Ferramentas químicas: explorar ao máximo os ativos com registro ao alvo e à cultura, sendo mais efetivo reduzir o intervalo de aplicação e rotacionar grupos químicos.

  • Ferramentas biológicas: importante para contribuir com o manejo e aumentar a eficiência do controle químico.

  • Tecnologia de aplicação: estar atento ao comportamento da cigarrinha-do-milho, visto que, ao longo do dia e de acordo com as condições climáticas, os insetos se concentram em partes diferentes da planta. Esse conhecimento é importante para que, na utilização do controle químico, sejam tomadas as melhores decisões para efetivamente atingir o alvo.

  • Monitoramento: é a melhor ferramenta para prever a ocorrência e auxiliar no manejo da cigarrinha-do-milho quando suas populações ainda estão em baixas densidades. Ações de monitoramento constante são importantes para antecipar o problema, direcionando a melhor tomada de decisão.

Manter constância no monitoramento, principalmente nos estádios iniciais do plantio, é fundamental, pois esse é o momento mais crítico caso a praga esteja presente. Mesmo que os sintomas só venham a aparecer na fase reprodutiva da planta, os danos são severos e a redução na produtividade é significativa.

Syngenta e a Tecnologia no campo

Dentre todas as práticas citadas, o monitoramento se faz essencial para uma melhor tomada de decisão antecipada em relação ao controle da cigarrinha-do-milho. Pensando em facilitar o trabalho do produtor rural, a Syngenta, em parceria com a Syngenta Digital (serviços de agricultura digital),  desenvolveram um projeto na região sul do Brasil, chamado Controle da Cigarrinha.

Seu principal objetivo é alertar os produtores e mostrar a importância do monitoramento da ocorrência da praga nas lavouras e, assim, ajudar o produtor a buscar as melhores medidas para o controle e evitar prejuízos em sua propriedade.

Através desse projeto é possível identificar a presença da cigarrinha por meio da utilização de armadilhas, realizando o monitoramento a cada 3 dias, com troca de armadilhas a cada 6 dias. O início do processo é feito 30 dias antes do plantio até o estágio V8, totalizando 60 dias de monitoramento.

Monitoramento através de armadilha com atração de cor e troca

Monitoramento através de armadilha com atração de cor e troca

O projeto conta com um completo time técnico de campo que, após realizar o monitoramento através das armadilhas, insere os dados no aplicativo chamado Cropwise Protector, onde, através da Syngenta Digital, são produzidos mapas regionalizados de pressão e ocorrência da cigarrinha-do-milho. Todas essas análises, mapas e gráficos proporcionam agilidade na tomada de decisão, contribuindo com uma maior eficiência nos programas de manejo.

Inserção pelo time de campo da amostragem no aplicativo e sincronização

Inserção pelo time de campo da amostragem no aplicativo e sincronização

Os mapas gerados permitem fácil visualização da presença da praga nas regiões, além do nível de pressão.

App Syngenta - controle Cigarrinha-do-milho

App Syngenta - controle Cigarrinha-do-milho

O aplicativo abrange as principais regiões produtoras de milho no sul do Brasil, envolvendo 30 ATS (agrônomos de campo) que monitoram de perto as armadilhas.

Os usuários recebem os resultados online com os mapas de presença da praga através do Cropwise Protector podendo fazer um acompanhamento da ocorrência e pressão de D. maidis com dados atualizados e reportes semanais. Esses dados podem ser acessados de maneira fácil, tanto pelos produtores quanto pelos profissionais envolvidos.

Sabemos que manejar a cigarrinha-do-milho não é uma tarefa simples: é necessária a adoção criteriosa e integrada de diversas práticas. Porém, com ferramentas como essa, é possível proteger a lavoura e alcançar patamares cada vez mais elevados em produtividade.

Este é um projeto realizado no Rio Grande do Sul e a Syngenta se coloca ao lado do produtor, auxiliando para a melhor tomada de decisão, permitindo ações integradas e localizadas para contribuir com um manejo mais sustentável e eficiente.

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, com o objetivo de impulsionar o agronegócio brasileiro com qualidade e inovações tecnológicas.

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