A demanda por energias renováveis e limpas tem aumentado mundialmente, devido à preocupação com as questões ambientais, com o objetivo de combater o aquecimento global. Biocombustíveis, como o etanol, surgem como uma alternativa mais sustentável aos combustíveis fósseis, derivados de petróleo e gás natural. Só em 2020, o Brasil produziu 34 bilhões de litros de etanol proveniente da cana-de-açúcar.

Apesar de o país ser o maior produtor mundial do biocombustível a partir da cana, o destaque fica para o etanol de milho. Trata-se de uma alternativa promissora neste setor e que vem ganhando força em regiões com grande produção de grãos, como no Mato Grosso, onde a produção cresceu mais 7.000% desde seu início no Estado.

Previsões para o etanol de milho

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, responsável por 9% da produção, e o segundo maior exportador, com 22% das exportações. As mais de 100 milhões de toneladas colhidas anualmente pelos brasileiros são essenciais para movimentar a cadeia de proteínas animais e também a produção de etanol de milho.

A extração desse biocombustível tem ganhado espaço nas últimas safras. Na temporada 2013/14, a produção de etanol de milho foi de 37 milhões de litros e, em 2018/19, subiu para 791,4 milhões. Já em 2020, foi registrada a maior produção de etanol da história, sendo que a participação do etanol à base de milho mais que dobrou, atingindo 1,61 bilhão de litros na temporada 2019/2020.

Para a safra 2021/2022, a previsão da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) é de um aumento de 29,7% em relação ao período anterior, resultando em 3,36 bilhões de litros de etanol de milho. O cenário reflete o interesse das usinas em utilizar essa matéria-prima, principalmente na região Centro-Oeste.

Infográfico

Para os próximos anos, a tendência é de um aumento ainda maior. Segundo estimativa do Imea, a produção de etanol de milho deve alcançar 9,65 bilhões de litros na temporada 2030/31, 185% a mais do que é esperado na safra atual. A previsão é realizada com base em 3 fatores principais:

  1. Aumento da produção de milho segunda safra.

  2. Crescente demanda por biocombustíveis, com a expectativa de que o consumo de etanol praticamente dobre entre 2021 e 2030.

  3. Perspectiva de investimentos expressivos em novas plantas de etanol de milho ou expansão das já existentes.

Em outubro de 2021, por exemplo, foi inaugurada a expansão da Usina de Etanol de Milho FS Unidade Sorriso (MT), a maior produtora de etanol do Brasil. Com a expansão, a capacidade de produção da indústria vai aumentar de 530 milhões de litros para 880 milhões de litros de etanol de milho por ano.

Etanol de milho x etanol de cana

No que diz respeito ao produto final, não há diferença: o etanol feito do milho é idêntico ao produzido a partir da cana. Dessa forma, eles não são concorrentes, mas sim complementares para a produção, principalmente na entressafra.

A principal diferença entre eles fica por conta do custo de produção. O etanol de milho demanda mais etapas durante seu processamento por conta da necessidade de quebra de grandes moléculas. Isso reflete em um maior custo de produção quando comparado ao etanol da cana-de-açúcar. Por outro lado, por conta da entressafra da cana, os custos fixos são diluídos.

Vantagens do etanol de milho

A produção de etanol de milho tem crescido de maneira rápida e sustentável, trazendo diversos benefícios para o meio ambiente, para os produtores e para a economia. Confira as principais vantagens a seguir:

  • Menos poluente

O etanol é menos poluente que a gasolina e seu modelo de produção demanda menor uso de área plantada, o que reflete em uma redução significativa na emissão de gás carbônico.

  • Maior produção de etanol

Para fins comparativos, uma tonelada de cana-de-açúcar gera em torno de 70 a 85 litros de etanol, enquanto a mesma quantidade de milho produz cerca de 400 litros.

  • Utilização dos subprodutos

Durante a produção do etanol de milho são gerados resíduos conhecidos como DDG ou WDG, que nada mais são do que grãos de destilaria seco e úmido, respectivamente, que resultam em um farelo com alto teor de proteína.

Com a expansão do mercado de etanol de milho no Brasil, esse subproduto é aproveitado para a nutrição dos animais e tem ganhado espaço no mercado como complemento ou substituição a outras fontes protéicas, sendo uma alternativa na diminuição de custos na produção animal.

Segundo a Unem, espera-se que a produção brasileira de DDG ultrapasse 2 milhões de toneladas em 2021/22, 60% a mais do que na safra passada. Em 2029, esse número deve chegar a 6 milhões de toneladas do farelo proteico.

  • Agrega valor ao setor

A produção de etanol de milho gera empregos, impostos e riqueza no Brasil, passando a ter mercado não só para a alimentação, mas também voltado para a produção de biocombustível. O processamento do milho acaba trazendo um lucro maior do que a venda do produto in natura.

Na região Centro-Oeste, por exemplo, há grande oferta e demanda do cereal, mas o consumo interno é pequeno e as exportações representam a maior parte da produção. Como esses Estados estão distantes dos portos para exportação, produzir etanol de milho agrega valor ao produto.

  • Há campo para crescer

Até o momento, somente 7% do milho produzido no Brasil vai para o etanol. O milho de segunda safra também tem um potencial enorme no que diz respeito a espaço para crescer. Isso porque, atualmente, o cereal é plantado em apenas 60% da área de soja, com a possibilidade de expandir sem precisar avançar sobre novas áreas.

Usinas de etanol de milho no Brasil

Existem três modelos de usinas de etanol de milho:

  • Full – processa exclusivamente milho para produção de etanol;

  • Flex – usinas de cana-de-açúcar adequadas para produzir etanol de milho no período da entressafra da cana;

  • Flex full – usinas de cana e milho que operam paralelamente.

O estado do Mato Grosso concentra 12 usinas de etanol de milho no país, consequência natural da produção de milho no Estado, que representa 28% da safra nacional. Cinco outras usinas estão localizadas em Goiás, uma no Paraná e uma em São Paulo. Há também uma unidade em construção no Mato Grosso do Sul.

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