Os pulverizadores agrícolas são essenciais no dia a dia do campo, uma vez que, por meio deles, é feita a aplicação de produtos fitossanitários para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas na lavoura. Cada modelo busca atender a necessidade do produtor e, independente de qual seja o tipo de equipamento utilizado – desde os mais básicos até os mais tecnológicos – todos exigem uma série de regras para o seu uso correto e seguro.

A escolha do pulverizador está relacionada diretamente ao tipo de cultura, ao seu porte e ao terreno em que será trabalhado. Entre os principais equipamentos para uso terrestre, destacam-se os turbo atomizadores e os pulverizadores com barra. Os primeiros são voltados para culturas perenes, de ciclo longo, geralmente para fruticultura. Por conta de seu grande ventilador atrás, o equipamento produz um fluxo de ar intenso que permite carregar as gotas para a parte superior e interior das plantas. “Este modelo é indicado para o cultivo de árvores frutíferas ou culturas com espaço pequeno entre as linhas onde não se é possível entrar com pulverizador de barra”, explica o Coordenador de Sustentabilidade da Syngenta, Mateus Queiroz.

Para as culturas anuais e semi-perenes, como soja, milho e cana-de-açúcar, os pulverizadores em barra são os mais utilizados. Eles se dividem em três modalidades: de arrasto, montado e autopropelido. O de arrasto e o montado dependem de tratores para serem utilizados e acionados por meio da tomada de força. O primeiro possui suas próprias rodas e é acoplado à barra de tração do trator, como um reboque. Já o montado não possui rodas e é acoplado no sistema de três pontos do trator – onde é engatado no sistema hidráulico.

Já o pulverizador autopropelido é uma máquina voltada exclusivamente para pulverização, ou seja, não necessita de um trator para seu funcionamento e se difere dos demais pelos seus recursos tecnológicos, apesar de ser cada vez mais comum encontrar esses recursos nos demais pulverizadores. Este modelo costuma ser maior, com barras mais compridas, e tem, como o principal diferencial, a inovação que comporta.

“Geralmente, os autopropelidos contam com um computador de bordo que oferece todas as informações do que ocorre durante a aplicação. O computador é interligado aos principais componentes do pulverizador, como a bomba de pulverização (que vai dar a pressão), o fluxômetro (que mede o volume que está de calda aplicado), e sistema de rodagem (aferindo a velocidade de maneira precisa). Assim, ele traz os parâmetros para você ter uma precisão maior de sua pulverização”, descreve o especialista.

O GPS, presente no pulverizador, por exemplo gera um mapa da pulverização, com o registro de onde já houve aplicação, evitando que ela seja feita repetidamente, podendo haver o desligamento dos bicos ou sessões da barra onde já foi pulverizado, caso haja esse sistema no pulverizador.

Entre os pulverizadores terrestres, também há os costais, que podem ser manuais ou motorizados e são utilizados principalmente em pequenas propriedades e em cultivos em relevos acidentados – onde é difícil a entrada com máquinas. O manual é mais usado nas plantações de hortifrúti de pequeno porte, enquanto o motorizado, em culturas de frutíferas de porte mais alto. Há ainda os sistemas de pulverização por mangueiras, acionados por meio de bombas estacionárias ou pelo próprio pulverizador. Ele é útil para tarefas de repasse da pulverização em pontos específicos de forma manual, como um complemento de uma pós-aplicação no caso de eventuais falhas de controle (conectados aos pulverizadores) ou em áreas de relevo acidentado em culturas como o tomate (conectados à bomba estacionária).

Erros comuns

No caso do pulverizador com barras, há alguns equívocos que costumam ocorrer durante as aplicações e para os quais os agricultores devem estar sempre alertas. Entre as principais, está a escolha do tamanho de gota inadequado, tanto em função das condições meteorológicas do momento da aplicação quanto em relação ao tamanho adequado de acordo com o produto que será usado. “Utilizar gotas finas em condições de excesso de vento e falta de umidade, pode ser um problema. Assim como não respeitar orientações sobre os tamanhos de gotas indicadas para cada produto, como médias para fungicidas e inseticidas, e grossas ou muito grossas para grande parte dos herbicidas”, comenta.

Segundo o especialista, outro erro comum é não adaptar o volume de aplicação de defensivo do início até o final do ciclo de um produto. “Isso ocorre quando o agricultor segue com aplicações de baixo volume (abaixo de 50 l/ha, por exemplo) desde o início até o final do ciclo, quando a plantação está com muito mais folhas – o que pode acarretar em falhas no controle de pragas e doenças”, explica o especialista.

Já no caso do turbo atomizador, é comum o técnico não direcionar o fluxo de ar apenas para a copa da planta, ou então, manter todos os bicos abertos, mesmo se a cultura ou a copa estiver pequena. “Não se deve pulverizar nem abaixo, nem acima da planta nesses casos. Afinal, além de ser desperdício de produto, também pode resultar em maiores riscos de contaminação do meio ambiente”.

Segundo Queiroz, também é uma prática comum os agricultores, em aplicação com turbo atomizadores, encharcarem a planta até o defensivo escorrer. “Esse excesso de produto que cai no solo é um grande desperdício e, principalmente, acarreta em contaminação do solo. Isso nunca pode ser feito”, alerta. Ele também ressalta que, quando se trabalha com turbo atomizador, se usa gotas mais finas. E quando se pulveriza além da região da copa, as pontas na parte superior do pulverizador podem lançar gotas que não terão contato com as folhas da cultura e acabam sendo facilmente carregadas para fora da sua área. “O agricultor deve sempre avaliar a área a ser pulverizada, definir o volume de defensivo a ser usado e direcioná-lo às folhas da forma correta e equilibrada, minimizando assim os riscos de contaminação”, completa.

Também podemos encontrar alguns erros ao misturar diversos produtos diferentes, pois eles podem sofrer incompatibilidade e, assim, perder a eficácia esperada ou causar entupimento das pontas e desgaste prematuro dos componentes. Segundo Queiroz, há aqueles que tentam aproveitar o tanque para uma aplicação única e colocam junto inseticidas, fungicidas e herbicidas, ou seja, produtos que exigem técnicas de aplicação diferentes, como o tamanho de gotas. “Em alguns casos, a mistura pode ser eficaz, mas em outros, principalmente quando se reduz o volume de aplicação e aumenta a concentração dos defensivos na calda, pode resultar em incompatibilidade física – quando forma borra, cristalizações ou separação de fases –, ou química – quando um anula o princípio ativo do outro (antagonismo)”, alerta.

Como usá-los de forma correta e segura

Para qualquer tipo de pulverizador, em primeiro lugar, o agricultor deve estar sempre atento à calibração e regulagem dos equipamentos e dar sempre uma atenção especial às pontas dos equipamentos. Elas devem estar sempre em bom estado, sem qualquer desgaste ou entupimento, e se deve usar pontas de mesma cor e modelo na barra inteira, para que não haja variação na vazão e no tamanho de gota. Outra orientação essencial é fazer a seleção correta do tamanho de gota – se mais fina ou mais grossa – em função do tipo de produto, orientado pela bula. Para isso, é importante que tenha em mãos um catálogo referente às pontas utilizadas para conferir a pressão adequada, a vazão esperada e o tamanho das gotas que serão formadas.

De acordo com o especialista da Syngenta, o técnico também deve sempre avaliar a condição meteorológica no momento da aplicação, assim como usar o EPI (equipamento de proteção individual) quando o pulverizador não tiver cabine protegida, ou mesmo quando estiver fazendo qualquer atividade de manutenção ou preparo de calda.

“Há pulverizadores, principalmente os autopropelidos, com cabines vedadas com filtro de carvão ativado. Nestes casos, o operador não precisa usar EPI na cabine. Mas ao sair para fazer qualquer ajuste na máquina, ele tem que usar o equipamento e não pode voltar para dentro da cabine utilizando-o”, orienta.

Queiroz também ressalta a importância da limpeza das máquinas, sem que permaneçam resíduos no tanque, bem como manter a sua manutenção em dia. “Deve-se observar qualquer vazamento, checar filtros, mangueiras, bombas e outros componentes se estão todos em bom estado. Também é importante substituir mangueiras que estejam ressecadas, rachadas ou furadas”, observa.

Queiroz também orienta evitar a mistura de produtos no tanque que possam resultar em incompatibilidade entre eles.. “Muitas vezes, a mistura pode até ter um bom resultado. Porém, em caso de dúvidas, o ideal é que o produtor ou técnico agrícola avalie a sua efetividade consultando um engenheiro agrônomo”, aconselha.

E ainda, para evitar o desperdício de produto e os riscos de contaminação do meio ambiente, também é imprescindível ajustar o volume de defensivo que será aplicado em função da massa foliar. “O indicado é aumentar esse volume gradativamente, na medida em que cresce a plantação. Assim, é possível se obter uma boa distribuição em toda a planta, sendo capaz de combater pragas e doenças e reduzir o risco de resistência”, completa o especialista da Syngenta.