Sob influência do fenômeno El Niño, as lavouras de café foram duramente castigadas no início da primavera em várias regiões produtoras do país. O cenário agravou a preocupação entre os cafeicultores, já que o mês de setembro deste ano foi considerado o mais quente do planeta Terra em toda a história. As previsões do Serviço de Mudança Climática do Observatório Europeu – Copernicus apontam ainda que o ano de 2023 caminha para quebrar novos recordes de temperatura atingidos em 2016.

Os dados apontam também que entre novembro e dezembro, a temperatura do planeta pode subir ainda mais – as altas temperaturas já são sentidas em todo país na primeira quinzena deste mês. Um levantamento recente da Fundação Procafé apontou que, desde o início do ciclo em 2022, as regiões cafeeiras registraram temperaturas amenas com o clima estável. No entanto, desde o final de agosto e início de setembro, as regiões começaram a ter temperaturas acima da média e precipitações de chuvas bem abaixo da média. “Em Varginha, no Sul de Minas, por exemplo, tivemos temperatura com três graus acima da média. Quando pensamos nesta temperatura mais alta aliada a esse déficit hídrico, temos um impacto em perdas em relação à florada que já havia ocorrido no início do mês”, explica o pesquisador da fundação, Rodrigo Naves Paiva.

O mês de setembro deste ano, foi considerado o mais quente do planeta, e consequentemente atingiu várias regiões cafeeiras 

Gustavo Rennó, Presidente do Grupo GTEC e engenheiro agrônomo, destaca que alguns tratos culturais podem ajudar a planta a se desenvolver e resistir melhor ao clima mais seco e quente. “São manejos que ajudam principalmente as raízes a crescerem mais. Afinal, raízes maiores buscam água em locais mais profundos e, com isso, resistem mais às secas”. Ele ainda pontua que o cenário climático tem preocupado muito em relação à safra de 2024.

Segundo Rennó, existia a expectativa de que a próxima safra fosse recorde, no entanto, as altas temperaturas têm colaborado para a desfolha de muitas lavouras. Além da problemática do clima, o surgimento de pragas nesta temporada também complica o cenário. O bicho-mineiro, que já é um problema sério na Bahia e no Cerrado Mineiro, tem crescido bastante no Sul de Minas e na Alta Mogiana. 

As dificuldades com pragas por conta das altas temperaturas começam a preocupar os produtores 

Rennó lembra que se trata de uma praga drástica e que, em condições favoráveis, dentro de pouco tempo pode causar um grande estrago na lavoura. “Questão de quase uma semana e, o estrago pode ser muito grave na lavoura. Então essa rapidez dela e essa agressividade assusta. É preciso criar uma estratégia anual, preventiva, para justamente não deixá-la aumentar”, explica. Ele ressalta que a tendência de crescimento dessas pragas jogou por terra a expectativa de super safra que o setor já tinha. “Então aquela super safra que acreditávamos no passado já caiu por terra faz um bom tempo”, reafirma Gustavo.

Paulo Azevedo, líder de Marketing Café e Citrus da Syngenta, explica que todo cenário climático que se montou desde o final do inverno, com fortes ondas de calor, aliado a um baixo índice pluviométrico, colaborou para o surgimento de pragas, como o ácaro vermelho.

O manejo adequado no controle do ácaro vermelho se torna ainda mais essencial com as incertezas climáticas vivenciadas pelas regiões produtoras 

O clima seco e quente acelera o comportamento de reprodução dessas pragas, o que traz o aumento de populações e dificulta ainda mais o controle. “Quando a gente pensa tanto em bicho-mineiro quanto em ácaro vermelho, são duas pragas que têm um comportamento de atacar as folhas do café; o ácaro vermelho pode causar o bronzeamento e automaticamente esse bronzeamento faz com que a planta tenha menor capacidade fotossintética, apesar de não levar as folhas ao chão”.

O bronzeamento citado por Azevedo compromete o processo de fotossíntese das plantas, o que causa também o acúmulo de carboidratos e proteínas. “Isso pode atrapalhar no pegamento de flor ou até mesmo no desenvolvimento dos frutos da próxima safra”, explica Paulo.

Ao longo do mês de setembro algumas regiões produtoras atingiram temperaturas acima dos 40ºC 

Ele ainda alerta que o melhor caminho para controlar as pragas nesse período são as pulverizações foliares com inseticidas de amplo espectro, que possam ter afinidade tanto para o controle de ácaro quanto para o bicho-mineiro. “Na grande maioria das vezes, observar se os níveis de controle já são altos, os níveis, na verdade, de infestação já são altos quando se é necessário fazer as aplicações de assepsia. Se for necessário fazer as aplicações de assepsia, usar produtos de choque associados a produtos que deem um residual bacana, evita que o produtor faça muitas entradas no café”.

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