O café é a bebida mais presente no cotidiano do brasileiro. Diariamente, é consumida pelas pessoas nos ambientes domiciliares e em estabelecimentos comerciais, nas pequenas, médias e grandes cidades do país. 

No ranking mundial de produção e exportação de café, o Brasil ocupa, atualmente, a 1ª posição. Já em relação ao consumo por volume, o país ocupa a 2ª posição, atrás apenas dos Estados Unidos.

De acordo com o relatório da USDA (United States Department of Agriculture), a estimativa da produção brasileira da safra 2021/2022 é de 56,3 milhões de sacas de café. Desse total, 35 milhões de sacas são de café arábica e 21,3 milhões de sacas de robusta/conilon.

Já para as exportações, a projeção é de 33,22 milhões de sacas, enquanto o consumo doméstico brasileiro está estimado em 23,65 milhões de sacas. Sendo assim, o café produzido, tanto para exportação quanto para consumo doméstico, é dependente da qualidade da bebida para atender a diferentes mercados.

Nesse cenário, a ocorrência de pragas nas lavouras, destacando a broca-do-café (Hypothenemus hampei), representa uma grande ameaça à produtividade e à qualidade do produto. Por isso, é importante que os agricultores observem a presença da praga em suas lavouras e adotem as medidas necessárias para evitar a perda do potencial produtivo.

Confira neste artigo as características, o ciclo biológico, os danos provocados na cultura e como realizar o manejo correto da broca-do-café. 

Danos provocados pela broca-do-café

A ocorrência da broca-do-café é extremamente prejudicial à produção por conta dos danos que causa à cultura, como queda prematura dos frutos, apodrecimento das sementes e diminuição do peso dos grãos.

Essas intercorrências podem afetar as qualidades físicas e sensoriais do produto final e geram prejuízos financeiros em termos de comercialização e exportação. 

De acordo com o manual de prevenção e combate à broca-do-café, publicado pela Embrapa, em casos extremos, o peso do grão pode ser reduzido em até 20%

Vale ressaltar que os ataques da praga podem gerar enormes consequências para a comercialização do produto, visto que não é permitido o embarque de grãos brocados para exportação de cafés especiais. 

Diante disso, é importante conhecer as características da praga e a forma como ela ataca a cultura, pois isso possibilita o monitoramento mais atento e a escolha de medidas de controle mais efetivas

Confira a seguir as características da broca-do-café! 

Características da broca-do-café

Broca-do-café é um besouro pequeno e de coloração preta. As fêmeas medem cerca de 1,0 mm de comprimento e 0,7 mm de largura. Os machos, por sua vez, medem aproximadamente 1,2 mm de comprimento e 0,5 mm de largura. 

broca do café

Os machos apresentam ainda outras características distintas das fêmeas, como as asas atrofiadas, que os impedem de voar. Por conta dessa característica, ficam regularmente dentro dos frutos. Já as fêmeas são as causadoras dos danos diretos, uma vez que são responsáveis pela perfuração dos frutos e grãos do café. 

O ciclo da praga varia de 21 a 57 dias, dependendo das condições ambientais e climáticas – principalmente a temperatura e a umidade relativa. Geralmente, o intervalo de cada fase de desenvolvimento da broca-do-café ocorre da seguinte forma: 

  • ovo: aproximadamente 4 quatro dias; 
  • larva: média de 15 dias, para temperaturas de 27 °C;
  • pré-pupa: 2 dias; 
  • pupa: média de 8 dias. 
  • adulto: enquanto os machos vivem cerca de 40 dias, as fêmeas vivem em média de 156 dias.

Como ocorrem os ataques da praga? 

A broca-do-café é uma praga que pode atacar a cultura tanto na fase larval quanto na fase adulta. De início, os adultos fêmeas perfuram os frutos e as sementes, realizando a postura dos ovos. 

Após a eclosão, as larvas iniciam a alimentação no interior das sementes, causando os maiores danos e originando novas brocas na fase adulta, completando assim seu ciclo de vida e dando origem a uma nova e maior população de insetos. 

Cerca de 60 dias após a florada, normalmente entre os meses de dezembro e janeiro, as fêmeas que sobreviveram nos frutos remanescentes da entressafra saem e perfuram novos frutos, até então verdes. No entanto, nesse primeiro momento, ainda não depositam seus ovos. 

Com o passar do tempo, inicia-se a oviposição, período em que as sementes de café passam do estádio aquoso para um grau de maior consistência: acima de 20% de matéria seca, fase em que os frutos estão bem granados. 

Nesse segundo momento, elas podem voltar e colocar os ovos na região perfurada anteriormente, ou até mesmo perfurar novos frutos e já ovipositar seu interior, no estádio ideal do ataque.

É importante ressaltar que, além de frutos remanescentes das safras anteriores, as condições climáticas são um fator determinante para definir a intensidade da pressão de broca-do-café no decorrer da safra. 

Em outras palavras, as precipitações dentro da normalidade das regiões produtoras de café durante os meses de setembro a dezembro, seguidas de leves períodos de estiagem de janeiro a abril, podem determinar uma condição altamente favorável para a ocorrência de broca nos cafezais. 

De acordo com Paulo Azevedo, Engenheiro Agrônomo da Syngenta, “ao final da safra 2021 notou-se uma grande quantidade de frutos remanescentes presentes nas plantas de café, somado a condições climáticas com chuvas bem distribuídas até o momento, o que evidencia a importância do monitoramento. E, ao se detectar a presença do inseto na área, deve-se consultar um técnico para a tomada de decisão a fim de controlar a praga, pois as perdas para a próxima safra podem ser muito grandes – seja em produtividade tanto quanto em qualidade da bebida”

Medidas de manejo da praga 

É recomendável que o controle da broca-do-café seja realizado a partir do MIP (Manejo Integrado de Pragas) e envolva medidas como o monitoramento do cafezal, o manejo cultural e o controle químico. 

Confira como proceder em cada uma das etapas. 

Monitoramento da lavoura, manejo cultural e controle químico

Antes de iniciar o monitoramento da broca-do-café, alguns pontos importantes devem ser avaliados: 

  • histórico do talhão amostrado, pois caso seja uma área com recorrência de broca safra após safra, o monitoramento e, possivelmente, o controle, devem ser iniciados por ele; 
  • realizar um levantamento prévio da presença de frutos remanescentes – tanto na planta quanto nos frutos caídos no chão – com a presença das brocas, pois esse fator é determinante para a intensidade da broca que surgirá durante a revoada principal; 
  • em lavouras que foram esqueletadas durante a safra anterior, pode haver frutos remanescentes devido às floradas indesejadas logo após o corte dos ramos. Consequentemente, haverá frutos restantes, o que causará grandes prejuízos. 

Após a análise dessas três condições, inicia-se o monitoramento da broca-do-café.

É importante realizar a coleta de frutos a partir de 60 dias depois da florada principal, momento em que os frutos estão em estádio de expansão/enchimento. Esse processo é necessário para determinar a porcentagem de frutos perfurados e com a presença da broca na parte interior. 

Nessa fase, recomenda-se a coleta de 500 frutos com o mesmo estádio de desenvolvimento fenológico e com, pelo menos, 20 pontos amostrais por talhão. Ao detectar a presença de 1% de frutos perfurados, indica-se a necessidade de adoção de medidas de controle, como pulverizações. 

Além disso, é importante se atentar a alguns fatores: 

  • floradas antecipadas à principal podem indicar a necessidade de antecipação de medidas de controle; 
  • presença de frutos caídos no solo pode provocar infestações mais elevadas nos frutos do baixeiro da planta, exigindo a adoção da prática cultural para a retirada do café caído no chão. 

Nesse último caso, torna-se necessário realizar o manejo cultural, fazendo uma colheita bem feita e colhendo os frutos do solo, visto que a praga pode sobreviver e infestar a safra subsequente. 

Caso ainda seja detectada uma grande quantidade de frutos brocados no solo, deverá ser empregada a arruação e posterior trituração dos vestígios culturais com o uso da trincha. 

Mesmo adotando essas práticas, vale ressaltar que, caso os frutos perfurados ultrapassem o índice de 1%, sugere-se o uso de pulverização, por meio de inseticidas, a fim de proteger as folhas e os frutos do cafeeiro. 

A Syngenta conta com o inseticida Voliam Targo, que, por meio da associação de dois ingredientes ativos, promove alto controle e longo período residual contra a broca-do-café

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Redação Mais Agro