O manejo de alvos, como insetos, doenças e plantas infestantes, pode se tornar uma grande dor de cabeça aos agricultores e fonte de desperdício de dinheiro quando não realizado de forma eficiente. Atualmente, graças à tecnologia, a pulverização de defensivos químicos tem soluções cada vez mais eficientes. Boa parte desse desenvolvimento tem a ver com sensores e informações de georreferenciamento.

Como exemplo, na pulverização com barras, a altura delas deve ser constante, sem alterações. Hoje, por meio de sensores ultrassônicos, é possível medir a altura delas em relação ao solo e, assim, o ajuste necessário é feito de forma automática.

“Em relação às máquinas de pulverização, as informações de georreferenciamento (GPS ou DGPS) são grandes aliadas da eficiência. Vou dar um exemplo prático. Uma barra comprida pode contar com várias sessões de bicos. Ao usá-la em um terreno de formato irregular, é muito provável que parte da barra, dado o seu tamanho, tenha de passar mais de uma vez por cima de uma área já pulverizada. Mas pulverizar a mesma parte duas vezes na mesma aplicação não é certo. Então, o que o georreferenciamento possibita é pulverizar cada parte da plantação uma só vez. Isso é possível porque hoje há sistemas que, com as informações precisas de localização, desligam automaticamente um ou mais bicos, aqueles que estão sobre uma área já pulverizada.”, explica Mateus Queiroz, Coordenador de Sustentabilidade da Syngenta.

Também conforme Mateus, existem barras que trabalham com pontas de diferentes vazões em conjunto. Como a velocidade da máquina de pulverização interfere diretamente na pressão que devem ter os bicos, o uso de diferentes pontas simultaneamente e coordenadas garante uma aplicação uniforme, o que evita desperdício de produto. “Ou seja, conforme a velocidade da máquina, o sistema controla a pressão e quantos e quais bicos devem ser acionados. Como consequência, é controlado o tamanho das gotas. Tudo isso é feito de acordo com informações transmitidas com antecedência às máquinas. Esse tipo de processo evita bastante o risco de deriva”, complementa Queiroz.

Outro sistema é o de pulverização em taxa variável. Também a partir de levantamento prévio de informações sobre a área, são relacionados dados como a pressão de pragas em cada parte do terreno. A partir daí, é criado um mapa com diferentes cores, relativas a variados tipos de dados. Com base nas informações desse mapa, por exemplo, o pulverizador vai aplicar inseticida onde a pressão de insetos é maior e herbicida onde há mais ocorrência de plantas infestantes. “Esse sistema faz com que não seja necessária a pulverização em 100% da área. Isso gera economia considerável de defensivos”, diz Queiroz.

O sistema Cropwise Protector da Syngenta Digital é um exemplo de ferramentas à disposição do agricultor para a aplicação em taxa variável. Alimentado com os dados de infestação de pragas, doenças e plantas daninhas, o sistema exibe os mapas de calor e permite ao agrônomo responsável por aquela lavoura escolher quais áreas devem receber taxas diferentes de aplicação dos produtos, permitindo um uso otimizado dos insumos agrícolas, favorecendo a sustentabilidade e melhorando a rentabilidade do produtor.

Outro tipo de tecnologia, menos popular (comum), é o sistema de sensores de infravermelho nas barras que trabalha com refletividade (cores). Ele consegue identificar o que são as plantas cultivadas, as daninhas e o solo. Ao identificar as daninhas, a pulverização é direcionada a elas. “Do ponto de vista de sustentabilidade, é uma tecnologia fantástica. Evita o uso desnecessário de produtos e, desta maneira, minimiza os riscos de exposição de pessoas e do meio ambiente aos defensivos químicos”, diz Queiroz.

Outro sistema muito avançado, e também ainda menos comum, é o de pulverização de injeção direta. É um pulverizador com um grande tanque de água limpa e outros tanques menores com produtos puros. Antes do início do trabalho, a máquina é abastecida com informações de levantamento prévio, como em que parte do terreno há pressão de doenças, insetos ou daninhas. Assim, o trabalho é programado e a máquina pulveriza os produtos em doses adequadas conforme os alvos em cada parte do terreno.  Quer dizer: onde tem daninha, ela pulveriza herbicida, e assim por diante. Nesse caso, o preparo de calda é feito pela própria máquina, o que evita a exposição de um profissional ao defensivo químico durante o preparo.

Queiroz ressalta que, embora a tecnologia tenha capacidade de resolver uma série de questões no campo, a participação humana é fundamental, já que, de forma geral, quem toma as decisões são os humanos. De maneira resumida, as máquinas e sistemas tomam ações com base em decisões humanas.