Ergonomia não é uma palavra de uso muito comum, mas tem significado de fácil entendimento. É o estudo das relações entre o homem e a máquina realizado por meio da engenharia industrial, em conjunto com profissionais como anatomistas e fisiologistas. O objetivo é melhorar as condições de trabalho e promover o aumento da produtividade. A ergonomia é fundamental quando o assunto são os pulverizadores costais.

“Pelo fato de esses pulverizadores serem usados como espécies de mochilas, eles precisam encaixar bem e de forma cômoda nas costas do trabalhador, as alças devem ser confortáveis e a alavanca de acionamento da pulverização deve ter tamanho adequado e sem gerar desgaste físico. Desta forma, os pulverizadores costais evitam desconforto ao aplicador”, explica Mateus Queiroz, Coordenador de Sustentabilidade da Syngenta.

Os pulverizadores costais podem ser manuais ou motorizados. Eles têm diferentes componentes. O tanque, com capacidade em geral entre 5 litros e 20 litros, é de plástico (duro e resistente). A tampa do tanque é um item muito importante, já que é responsável por vedar totalmente o recipiente, evitando a contaminação do aplicador e do meio ambiente. Na sequência da tampa há um filtro, comumente chamado de coador, que tem a função de retirar impurezas da água utilizada na diluição dos produtos.

A alavanca aciona o êmbolo que gera a pressão necessária para o jato da pulverização. O misturador é um tipo de pequena pá que agita a calda. A mangueira, de borracha, é ligada à lança de pulverização (de alumínio) e ao gatilho, que libera a pulverização. Na ponta de pulverização há um outro filtro que serve para reter partículas que podem entupir ou desgastar as pontas, comum a todos os tipos de pulverizadores. No caso dos equipamentos motorizados, obviamente, há também um motor, a gasolina.

O funcionamento adequado de todos esses componentes é essencial para a eficiência e segurança do pulverizador. “É necessário estar atento à boa lubrificação, principalmente nos equipamentos manuais. Se estiverem sem lubrificação, eles podem ficar muito duros, dificultando o trabalho. No êmbolo, a lubrificação é com vaselina, para não estragar as borrachas de vedação. Na parte externa do pulverizador, tanto em dobradiças quanto em partes mecânicas, se usa graxa ou óleo”, ensina Mateus.

A recomendação é que, antes da utilização de pulverizadores desses gêneros, os profissionais sempre verifiquem as bulas dos produtos, pois nelas há informações sobre eventuais restrições ao uso desses equipamentos.

Os pulverizadores costais são utilizados principalmente em pequenas propriedades e em cultivos em relevos (terrenos) acidentados, onde é difícil a entrada com máquinas. O manual é mais usado nas plantações de hortifrúti de pequeno porte. O motorizado é mais utilizado em culturas de frutíferas de porte mais alto, onde é preciso mais pressão para conseguir boa cobertura nas partes altas da planta com a calda.

Para garantir mais conforto ao trabalhador, Mateus também aconselha que o preparo da calda seja realizado sobre uma mesa, bancada ou algo do gênero, de forma que, na hora de “vesti-lo”, o pulverizador fique mais próximo das costas do profissional de pulverização. Assim, evita-se o levantamento desnecessário do peso do equipamento e da calda e é proporcionado um encaixe do equipamento nas costas de forma mais simples.

Em relação ao preparo de calda, é preciso a utilização de EPIs (equipamentos de proteção individual), sobre os quais as bulas dos produtos trazem explicações em detalhes. Na preparação da calda, os aventais devem proteger a parte da frente do corpo de quem manuseia o produto; já na hora da pulverização, como proteção extra, o avental pode ser usado para proteger as costas do aplicador, invertendo sua posição (ou seja, utilizado na proteção das costas, a não ser que a bula do produto recomende o uso de avental, na frente do corpo, também para o momento da aplicação).

No momento da pulverização com equipamentos desse gênero, é importante prestar atenção a questões como a velocidade da caminhada (o aplicador deve andar de forma natural, não deve andar de forma rápida) e deve ser mantida uma altura constante de jato. Outro ponto importante é manter o bombeamento constante para não haver variações na pressão de trabalho. Um componente que facilita esse ponto é a válvula reguladora de pressão, um acessório colocado logo antes da ponta de pulverização. Essa válvula tem a função de liberar a calda sob um pressão determinada, independente se o aplicador bombear a calda além do necessário. Para modificar a pressão que a válvula liberará a pulverização, é necessário substituí-la por outra que trabalhe sob a pressão requerida. A pressão utilizada é determinada durante a calibração prévia do equipamento.

“Além desses pontos específicos, a utilização desses equipamentos deve seguir os mesmos cuidados de manuseio e aplicação realizada com qualquer outro modo de aplicação ou equipamento. Ou seja: usar EPIs, evitar pulverizações contra o vento e evitar contaminação de pessoas e do meio ambiente”, diz Mateus.

O coordenador da Syngenta finaliza comentando sobre uma novidade: “Há também pulverizadores acionados a bateria. Umas das características desse tipo de equipamento são os controles eletrônicos, como a regulagem de pressão por meio de botões. Ele também faz pulverizações controladas por intervalos de tempo. Por exemplo, para aplicação em mudas de café, em vez de o jato ser constante, ele tem intervalos de tempo. A cada determinado período, ele solta um jato. Assim, o aplicador direciona o jato em cada muda, evitando desperdício. Esses pulverizadores são mais caros que o motorizado convencional e que o manual, tendo em vista a tecnologia que dispõem. Fica a cargo do agricultor analisar se o custo-benefício proporcionado vale a pena”.