Estima-se que entre 150 mil e 200 mil hectares de café arábica tenham sido atingidos pelas geadas de 20 de julho deste ano, de acordo com nota divulgada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). A notícia vem na sequência das geadas do fim de junho, que trouxeram danos não só às lavouras de café, como também ao milho safrinha, à horticultura e às pastagens. 

O fenômeno provoca o congelamento da água no interior das células da planta de café, o que causa danos severos aos tecidos vegetais, podendo levar à morte de folhas, ramos, frutos – e, nos cenários mais graves, da planta inteira. Nesse último caso, os prejuízos são sensivelmente maiores, quer pela necessidade de poda ou replantio, quer pelo maior tempo de desenvolvimento típico dos cafezais. 

Embora os impactos de ambas as ocorrências sejam considerados graves, uma vez que resultaram da combinação de condições de baixas temperaturas com a baixa umidade do ar registrada neste inverno, vale destacar que houve diferentes intensidades dentro das áreas afetadas. 

Nesse sentido, é essencial avaliar a situação local a fim de identificar o nível de dano causado para, assim, realizar a tomada de decisão mais adequada à recuperação da lavoura. 

Prejuízos para a produtividade 

Equipes pesquisadoras estão fazendo um levantamento para ver as consequências do fenômeno nas lavouras – contudo, o potencial para a safra 22/23 de café pode estar comprometido. 

Um levantamento emergencial feito pela Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais) aponta que 9,5 mil produtores de municípios do sul de Minas, Triângulo Mineiro e Alto Parnaíba foram afetados pelas geadas, o que corresponde a 156,3 mil hectares ou 17,2% da área de cafeicultura da região abrangida pelo estudo. 

Devido à bienalidade da cultura, esperava-se uma safra maior no próximo ano, mas as geadas minaram essa expectativa. De acordo com dados da EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), as perdas podem chegar a 7 milhões de sacas

Os impactos também serão sentidos na safra atual, devido aos prejuízos aos grãos que ainda não haviam sido colhidos, reduzindo sua qualidade. Com isso, o preço da commodity sofreu uma grande alta no mercado internacional, chegando aos R$ 960 pela saca de 60 kg em São Paulo, no final de julho. Para efeitos de comparação, o preço era de R$ 606 em dezembro de 2020, o que equivale a um aumento de cerca de 60%. 

Com a produção para 2022 comprometida, o produtor deverá concentrar seus esforços na preparação do cafeeiro para as próximas safras. 

Procedimentos para a recuperação da lavoura 

São três os níveis de dano que podem acometer o cafezal em consequência das geadas: 

  • Lesão no pecíolo foliar: ainda que seja o quadro mais brando, a lesão no pecíolo foliar pode ocasionar desfolha intensa, permitindo a entrada de fungos oportunistas, como a Phoma tarda; 

  • Geada de capote: nesse quadro, o impacto ocorre somente na parte superior das plantas, provocando a morte do terço superior. É considerada um dano de nível intermediário, para o qual se recomenda a prática de um decote alto, a fim de retirar as partes mortas;  

  • Geada planta inteira: é o quadro mais grave, característico em condições de frio intenso. Requer especial cuidado na identificação da região entre o tecido sadio e o necrosado, para que se possa realizar o esqueletamento e o corte do caule. Intervenções de poda também são necessárias. 

Há ainda o caso das lavouras recém-plantadas, etapa mais suscetível aos efeitos das geadas. Caso não tenham recebido o chegamento de terra – que protege as gemas contra o frio, reduzindo os impactos –, é muito provável que o replantio total seja a única opção viável. 

Após a ocorrência de geada, o ideal é aguardar cerca de 30 dias, evitando pulverizações nesse período, já que as plantas podem estar em dormência. Além disso, antes de iniciar o trabalho de recuperação da lavoura, o produtor deve recorrer a um especialista para definir a estratégia mais acertada. 

Por fim, também é fundamental realizar uma análise profunda do solo, a fim de averiguar as estratégias de manejo adequadas a serem feitas na época chuvosa. 

A Syngenta está ao lado do produtor, do plantio à colheita, e conta com um portfólio completo para que você extraia sempre o melhor no campo. 

Redação Mais Agro