A chegada da primavera é sempre um período de atenção para os produtores de café. Os cafezais estão em fase de dormência aguardando as chuvas que normalmente ocorrem a partir de setembro e dão fim ao estresse hídrico das plantas.

Quando a precipitação hídrica acontece antes do previsto, antecipa também a ocorrência de doenças muito comuns nesta época do ano.

“Por mais que eu tenha o hospedeiro suscetível e o fungo no ambiente, a condição climática tem que ser favorável para que haja sincronismo e o fungo venha a atacar e desencadear o processo de doença na planta”, afirma Luiz Henrique Fernandes, DTM da Syngenta.

Um dos segredos, segundo Luiz Henrique, é investir numa boa proteção entre os meses de agosto e outubro quando as temperaturas são mais baixas. Depois disso, os dias ficam mais quentes, a amplitude térmica é menor e os fungos começam a sair de cena. “Essas floradas, mesmo que sejam desuniformes, não estarão sendo passíveis ao ataque de fungos, como a mancha de phoma, por exemplo, uma das mais comuns durante o ciclo”, complementa o engenheiro agrônomo. 

A primeira aplicação deve ocorrer na pré-florada, na fase chamada “dente de cachorro” ou “cotonete”, justamente no momento em que a flor começa a inchar. Antes de completar 30 dias, quando o residual de ação do fungicida já estiver terminando, mas as condições climáticas ainda estão favoráveis ao ataque do complexo de fungos, é hora de entrar com a segunda aplicação. Esta última acontece já na pós-florada, período em que as pétalas abrem e começam a murchar na roseta, secar e cair. O intervalo entre as duas normalmente é de 20 a 25 dias.  

“É uma janela adequada para vencer todo esse período climático favorável para essas doenças. Muitas vezes, o produtor aplica cedo ou tarde demais, e o dano já aconteceu. Por ser um fungo que vai crescer na região necrosada do tecido, o prejuízo é rápido demais”, orienta Luiz Henrique.

Saiba identificar as doenças

  • Cercosporiose

Ocorre após altas temperaturas e chuvas seguidas de veranicos combinados com desequilíbrio nutricional. Ataca principalmente os frutos. A doença pode derrubar os que estão em formação, conhecidos como chumbinhos ou até mesmo provocar a queda de qualidade dos já granados. Isto vai depender do momento em que atacam os cafezais.

  • Mancha Aureloada

A única das três que é causada por uma bactéria. As folhas ficam manchadas com uma coloração marrom-escura de formato irregular, distribuídas em toda superfície do cotilédone, sendo mais frequente nas bordas. Nos ramos pode causar requeima e nos frutos infectados, necrose. O nome é inspirado na imagem de um anel amarelo, marca registrada da doença. O combate passa pela aplicação de fungicidas à base de cobre, chamados fungicidas cúpricos.

  • Mancha de Phoma

Assim como a cercosporiose aparecem pequenas pontuações marrom-escuras. A diferença é que na phoma não há a ocorrência do anel amarelado. Ela causa lesões nas margens, deixando as folhas retorcidas e impossibilitando o crescimento. São lesões escuras que podem atingir também os frutos. Eles podem ser atacados em qualquer estágio de desenvolvimento. São os respingos de água das chuvas ou da própria irrigação que disseminam o patógeno. Por isso, a preocupação maior com o período de precipitação hídrica.

Fungicida de amplo espectro: a melhor maneira de controlar as doenças

Os fungicidas de amplo espectro de ação e produtos que evitem o desenvolvimento de resistência das doenças são as melhores maneiras de controle. Dois benefícios que podem ser identificados no mesmo fungicida foliar.

 

Fonte: Canal Rural