Apenas nos primeiros cinco meses de 2022, a exportação de trigo brasileiro teve um aumento de 135% em comparação com o total exportado em 2021. Esse aumento é resultado do plano nacional de tornar o país, um dos maiores importadores de trigo do mundo, autossuficiente em triticultura.

Aumento de área plantada e produção de grãos de alta qualidade são duas das medidas adotadas para elevar a competitividade do trigo brasileiro no mercado internacional. O manejo estratégico de pragas e doenças é o foco dos produtores, que praticamente já encerraram a semeadura.

Além de proteger a produtividade das lavouras, o controle efetivo das ameaças à cultura resulta em grãos adequados às altas exigências da indústria. Por isso, o manejo bem-feito neste momento de desenvolvimento vegetativo em que se encontra grande porcentagem das lavouras da safra de inverno é parte crucial da estratégia de ampliar ainda mais a exportação de trigo em 2023.

Safra de inverno: condição das lavouras de trigo e expectativas

O acompanhamento semanal do Progresso de Safra da Conab indica que praticamente toda a área dedicada ao cultivo de trigo já estava semeada até meados de agosto, sendo que 60% das lavouras encontravam-se em fase de desenvolvimento vegetativo. Houve um pequeno atraso no processo de semeadura em julho, por conta da alta umidade nas lavouras no Sul que prejudicou o avanço da operação, tempo que foi logo recuperado na primeira quinzena de agosto.

Ainda assim, espera-se recordes de produção na colheita, que já iniciou em algumas regiões, como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, onde houve plantio no período ideal e as condições climáticas favoreceram o enchimento e a maturação dos grãos.

A previsão da Conab para a safra de inverno de trigo em 2022 é de uma produção que supera 9 milhões de toneladas, com um aumento estimado em 19,3%. Para a área cultivada, a expectativa é de 2.958,6 mil hectares (+8%). Caso esses números sejam mantidos, a produtividade será de 3.096 kg/ha, uma quantidade 10,5% superior à safra anterior.

O 11º Boletim das Safras de Grãos mostra que as condições hídricas foram favoráveis à cultura do trigo na maioria das regiões produtoras. Um alerta apenas para o leste do Estado de Goiás e para as áreas produtoras em Minas Gerais, que enfrentaram baixa restrição hídrica entre maio e junho, com temporária falta de chuva.

Além disso, o excesso de chuvas em localidades de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul prejudicou a semeadura na janela ideal (abril-julho), o que acaba pendendo para a não utilização da totalidade da área para que o cultivo não resulte em atraso nas culturas de verão, em principal para a semeadura da soja.

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Manejo de pragas e doenças nas lavouras de trigo

A cultura do trigo tem um ciclo que dura, em média, de 100 a 170 dias. O curto período entre semeadura e colheita faz com que o manejo de pragas e doenças precise ser ágil e assertivo. Qualquer negligência no monitoramento das lavouras e na qualidade operacional das práticas de controle pode prejudicar o desenvolvimento vegetativo das plantas, ocasionando queda de produtividade e de qualidade do grão.

A atenção precisa ser redobrada na safra de inverno. As drásticas diferenças climáticas entre julho e setembro, período em que o trigo se desenvolve e inicia o enchimento de grãos, interferem na densidade populacional e na variedade de pragas e doenças que incidem nas lavouras.

Por isso, é importante um manejo integrado que dedique avaliação constante das condições dos talhões, a fim de perceber a presença de ameaças e controlá-las antes que seja necessário aplicar medidas corretivas, situação em que uma porcentagem de perda já será irreversível.

Algumas doenças que acometem a cultura do trigo se apresentam com mais severidade durante o desenvolvimento vegetativo, são elas: a ferrugem-da-folha, o oídio e as manchas foliares. De fato, produtores do noroeste gaúcho enfrentaram um momento delicado de monitoramento e manejo de doenças nas lavouras de trigo no início de agosto.

A tomada de decisão sobre o controle de doenças no trigo depende de avaliação periódica, de maneira que a primeira aplicação contra a doença-alvo deve ser feita se, ao final do período de afilhamento, o nível de incidência atingir uma intensidade que se configure em limiar de ação.

Quando se trata de manejo de pragas nesse estádio de desenvolvimento das lavouras de trigo, pulgões, percevejo-barriga-verde e lagartas são as que mais prejudicam a produtividade na triticultura. De acordo com a Conab, lavouras do sul mineiro sofreram com ataque de lagarta-do-cartucho em julho.

O manejo deve ser iniciado a partir da contagem direta das populações nas plantas, quando se trata de pulgões, enquanto o monitoramento das lagartas pode ser feito por meio de contagem no solo.

A falta de uma avaliação precisa e a aplicação de defensivos no tempo inadequado pode resultar em grãos de baixa qualidade, tornando-os inviáveis para exportação.

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O Brasil do trigo: de importador a exportador

O Brasil levou décadas para se colocar como grande exportador de grãos, desenvolvendo responsabilidade significativa na missão de alimentar o mundo. Soja e café são culturas que colocam o país na liderança de produção a nível global. Em breve, a previsão é de que o mesmo acontecerá com a exportação de trigo.

Tradicionalmente, o mercado brasileiro importa trigo para se abastecer internamente, cenário que se vem invertendo gradativamente nos últimos anos. De 2018 a 2022, a exportação de trigo teve um impressionante aumento de 1058%. O primeiro trimestre deste ano apresentou um recorde histórico: o volume de exportação foi superior ao de importação.

Isso demonstra o momento novo que se abre para a triticultura brasileira, que passa a atender a demanda internacional com a produção de grãos que atendem às exigências de qualidade do mercado.

De fato, a ampliação da venda de trigo para o exterior é consistente. Entre janeiro e julho de 2021, o Brasil exportou 490.657 toneladas de trigo, de acordo com levantamento da ANEC (Associação Nacional de Exportadores de Cereal). No mesmo período deste ano, foram 2.394.907 toneladas de trigo enviadas ao exterior, um incremento de 388%.

São quase quatro vezes mais trigo brasileiro no comércio mundial em apenas um ano. O investimento em ampliação de área de cultivo e em práticas e tecnologias de manejo para a cultura do trigo são alguns dos fatores que possibilitam aumentar a produção tritícola e atender a demanda externa sem deixar de abastecer o mercado interno.

Essa autossuficiência vem sendo conquistada aos poucos, mas os elevados números de exportação de trigo neste primeiro semestre de 2022 também têm fundamento no atual contexto econômico. Há alguns meses percebe-se uma lacuna no abastecimento de trigo na Europa e na América do Norte, e o Brasil, que alcançou ótimos resultados na safra 2021/22, tem disponível o grão necessário para suprir a demanda.

Além disso, verifica-se valorização da commodity (ainda que tenha sofrido queda entre maio e julho), mas o real encontra-se desvalorizado, o que torna o preço do trigo brasileiro atraente aos consumidores internacionais. A competitividade da triticultura brasileira veio para ficar, com perspectivas positivas em vista da entrada da nova safra. Com as altas expectativas de produtividade nesta safra, espera-se que a exportação de trigo cresça ainda mais em 2023.

O produtor deve se atentar aos melhores períodos para negociação, visto a projeção de preços inferiores para o trigo a partir de setembro pela grande disponibilidade do grão decorrente da alta produção brasileira e estadunidense. O cenário tende a se acentuar no final do ano.

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