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Responsável por 25% da produção mundial de frutas cítricas, o Brasil é um dos maiores produtores de citrus do mundo. Segundo a Embrapa, seis a cada dez copos de suco de laranja consumidos pelo planeta são provenientes do cultivo de citrus brasileiro, mais especificamente do cinturão citrícola entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais.

As espécies de citrus mais cultivadas têm origem nas regiões subtropicais e tropicais da Ásia. Trazidas para o Brasil pelos portugueses no século XVI, adaptaram-se muito bem ao clima daqui, com alto potencial de produção de frutos. No entanto, as condições ambientais diferenciadas favorecem o aparecimento de pragas que ameaçam o desenvolvimento e a produtividade do cultivo de citrus.

Em território nacional, a citricultura abrange diversas espécies de plantas do gênero Citrus, entre laranjas, tangerinas, limões, limas, toranjas e cidra. Todas elas são sensíveis ao ataque das pragas descritas a seguir.

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Pragas dos citrus: conheça as principais

São cinco as principais pragas que preocupam o citricultor, de maneira que conhecer cada uma delas, saber identificá-las e reconhecer sua ação nos pomares é fundamental para proteger o cultivo de citrus. Assim, nas próximas linhas serão apresentadas as características das cinco principais pragas dos citrus.

Mosca-das-frutas

Dentre as espécies de mosca-das-frutas mais comuns nos pomares pelo país, duas delas são nativas das terras brasileiras: a mosca-do-Mediterrâneo (Ceratitis capitata) e a mosca-sul-americana (Anastrepha fraterculus).

A maioria das espécies de árvores frutíferas são hospedeiras da mosca-das-frutas. Os insetos adultos migram de uma plantação a outra e introduzem-se nos cultivos de citrus a partir de locais próximos ao pomar onde há plantas que frutificam ao longo de todo o ano, assim, o ciclo de sucessão das moscas é difícil de ser interrompido.

Mosca-sul-americana

Mosca-sul-americana (Anastrepha fraterculus)

Mosca-do-Mediterrâneo

Mosca-do-Mediterrâneo (Ceratitis capitata)

Na fase adulta, a A. fraterculus mede cerca de 7 mm e apresenta coloração amarela-alaranjada, com faixas no abdômen e nas asas, em S e em V invertido. Já a C. capitata mede em torno de 5 mm e tem uma coloração um pouco mais escura, com faixas bastante acentuadas.

O ciclo de vida da mosca-das-frutas passa por quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. A mosca adulta oviposita no interior dos frutos, podendo depositar até cinco ovos por postura. Assim, os pomares de citrus são gravemente afetados, da fase de maturação à colheita.

Os ovos eclodem no interior dos frutos, onde as larvas permanecem entre 7 e 14 dias, alimentando-se da polpa de maneira a destruí-lo internamente. Os frutos caem no chão, então, as larvas o abandonam e se enterram no solo, onde permanecem em fase pupal até a emergência em forma de mosca.

A ação das larvas acelera a maturação e causa a queda precoce dos frutos, que se tornam inviáveis para consumo. Além disso, o processo de oviposição danifica os frutos na superfície e em seu interior, criando perfurações suscetíveis à entrada de patógenos, que podem causar apodrecimento.

O monitoramento das lavouras oferece indicativos de que os danos causados pela mosca-das-frutas aumentam a cada ano, sendo a praga responsável por cerca de 24% do total de queda de frutos nas lavouras. Os prejuízos podem diminuir a produção em até 50%, de acordo com pesquisas.

Bicho-furão

Bicho-furão

Fonte: Fundecitrus

Também conhecida como bicho-furão-dos-citrus (Ecdytolopha aurantiana), essa praga é muito comum nas regiões centrais e Sul do Brasil. Seu ataque aos pomares sempre causou enormes perdas ao citricultor, pois, até o início dos anos 2000 ainda havia muita dificuldade em manejá-la. Felizmente, pesquisas descobriram formas eficazes de monitoramento da infestação a partir do feromônio do bicho-furão, um grande passo para a inovação do método de controle da praga.

Essas pequenas mariposas têm coloração similar a dos ramos dos citrus, ficando bastante imperceptíveis entre as árvores. Em São Paulo e no sul de Minas Gerais, regiões responsáveis pela maior parte da produção de citrus do país, sua ocorrência se estende pelo ano inteiro. Ainda assim, a maior pressão se dá na primavera e no verão, quando há grande quantidade de frutos maduros nos cultivos de citrus, além de condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da praga, como temperatura mais alta e maior umidade relativa do ar.

As fêmeas do bicho-furão depositam um ovo por fruto, na superfície da casca, podendo gerar até 200 ovos durante sua vida. Ao eclodir, as lagartas perfuram o fruto até seu interior, para alimentar-se da polpa. Essa ação, da oviposição à alimentação da lagarta, pode causar apodrecimento e queda dos frutos. Na melhor das hipóteses, as perfurações os tornam inviáveis para consumo.

Segundo um levantamento da Fundecitrus, na safra 2021/22, o bicho-furão e a mosca-das-frutas, juntos, foram responsáveis por 5,63% das quedas de frutos, interferindo de forma significativa nos resultados finais de produção.

Ácaros

O ácaro-da-falsa-ferrugem (Phyllocoptruta oleivora) e o ácaro-da-leprose (Brevipalpus phoenicis) são os principais indivíduos dessa classe de pragas, encontrados nos cultivos de citrus do Brasil e de outros países.

De tamanho microscópico, o ácaro-da-falsa-ferrugem, na fase adulta, tem coloração amarelada e corpo em formato fusiforme, com ciclo de vida que dura de 7 a 14 dias, dependendo das condições do ambiente. Está presente nas mais variadas espécies de Citrus, atacando folhas, ramos e frutos. Sua ocorrência é perceptível pelas manchas escuras que causa nos frutos, que podem se tornar generalizadas a depender da intensidade da infestação.

Os principais danos à cultura são a diminuição do peso do fruto e a alteração da aparência, de maneira a diminuir seu valor de mercado e não ser aceito pela indústria de sucos. Além disso, também leva à desfolha, interferindo na capacidade fotossintética das plantas.

Já o ácaro-da-leprose foi identificado nas mais diversas partes do mundo. Sua ocorrência é favorecida quando há longos períodos de estiagem, mas está presente no cultivo de citrus durante o ano todo. Além das ações negativas na citricultura causadas pelo próprio ácaro, ele também é transmissor do vírus da leprose.

Infográfico

Sintomas da leprose em citrus. Fonte: Revista Cultivar.

As plantas infectadas com a doença apresentam manchas marrons nos frutos em maturação. Em pouco tempo, o sabor fica comprometido e os frutos caem. Os ramos e folhas também são afetados, podendo levar à morte da planta.

Psilídeo

Psilídeo

Fonte: Mais Agro, 2021.

O psilídeo (Diaphorina citri) é um inseto muito temido pelos citricultores, por causar danos irreparáveis aos pomares e por ser de difícil controle. A origem da espécie é asiática, e foi identificada pela primeira vez no Brasil em meados do século XX.

Na fase adulta, esses insetos medem de 2 a 3 mm de comprimento, sua coloração é marrom-clara, com manchas escuras nas margens das asas anteriores. O ciclo de vida vai de 14 a 38 dias, e cada fêmea consegue ovipositar de 200 a 800 ovos, uma média de oito ovos por dia.

Causam danos diretos às plantas cítricas, pela atividade de sucção de seiva, embora não gerem prejuízos severos à produtividade. A grande preocupação em relação ao psilídeo é sua função de transmitir a doença bacteriana conhecida como greening, causadora de danos severos às plantas, podendo comprometer a totalidade do cultivo de citrus.

O greening representa atualmente a maior ameaça à citricultura no mundo. Um caso crítico, que serve como exemplo dos riscos de produtividade e lucratividade que o psilídeo projeta a longo prazo, é o contexto das lavouras da Flórida. Esse grande Estado produtor dos Estados Unidos vê a produção de citrus despencar desde o primeiro registro de greening, em 2005.

A produção de laranjas na região, que chegou a alcançar 150 milhões de caixas, teve uma curva decrescente na última década, com expectativa de somente 44,5 milhões de caixas para a safra 2021/22. Esse número é mais de um terço inferior do que o registrado há 20 anos, representando uma queda de 70% em relação a 2005 e uma retração de 15% em comparação com a safra anterior.

A incidência de greening na Flórida está estimada em 90%, de acordo com o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), diminuindo não apenas a quantidade de frutos produzidos, como também a qualidade, uma vez que altera o sabor do fruto por conta do aumento da acidez e do amargor. Esse contexto interfere diretamente na cadeia de suco de laranja e serve como um alerta para outros grandes produtores ao redor do mundo, como o Brasil.

Monitoramento é a chave do manejo

As dificuldades em manejar as pragas dos citrus acompanham os citricultores há anos. No entanto, o investimento em pesquisas e em desenvolvimento de técnicas e soluções para controlar as populações permite maior assertividade no manejo nos dias atuais.

A identificação das pragas antes de atingirem os frutos e o monitoramento constante é o que permite uma tomada de decisão precisa para que o desenvolvimento dos pomares não seja prejudicado. É graças às inovações que a citricultura brasileira alcança melhores resultados a cada ano, distribuindo frutas tropicais para todo o planeta.

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